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O Caso da Cidade das Almas - Última parte

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  Sei que a última parte ficou excessivamente grande, mas, se ler rápido,num ritmo frenético, irá pegar a sensação que tentei passar, e terminará a leitura em um instante. (Se gostou do conto,leia a parte um e dois aqui ).
 Quão satisfeito estava o investigador. Poderia descansar. Quem sabe tirar férias com a família no Caribe, heim? Não seria nada mal. Caso resolvido. Tudo acabaria bem. A história que ouvira dos pais de Ricardo eram fortes o suficiente para pô-lo como suspeito principal. Garoto problemático, fugira de casa, costuma usar roupas escuras. Não havia muitos assim naquela cidade. Um sujeito com essa descrição seria pego fácil. “Preciso de uma foto de seu filho, Senhora Garcia”. Os passos seguintes, vocês já podem prever. Fábio convocou todos os policiais encarregados do caso, juntou as informações e foi à caça. Sabia que além de um criminoso Ricardo era foragido. “Coitada da Senhora Garcia, saiu chorando. A ovelha negra será encontrada, não se preocupe. A ovelha desgarrada voltará ao rebanho. Só não ficará com as outras...”, pensava Fábio com um largo sorriso. Resolveu por si mesmo investigar nos arredores da cidade. Não avisara à ninguém. Achou um pouco imprudente quando pensou nisso mais tarde. (Depois de mais de três quilômetros andados). Desanuviou os pensamentos de morte com uma batida no bolso, levara uma arma. Com um assassino à solta não podia andar desarmado. Prezava por sua vida. Entrava no bosque que cercava a cidade com passos leves. Pisava nas folhas secas e olhava para os lados, o barulho poderia atrair alguém. Seu coração batia mais forte a cada passo. Presságios da morte. Alguém espreitava. Era tarde, passara do toque de recolher. Dezoito e quinze minutos. Admitira a imprudência. Decidiu voltar. Os passos agora mais rápidos e longos. Ouvira um barulho de galhos quebrando. Olhou espantado para trás e viu um vulto. Foi como ver um fantasma, quase a mesma expressão da única testemunha do caso. Sua pulsação acelerada. Seus batimentos estavam como um carro de corrida, a mil. Se ao menos a sua mão lhe obedecesse e sacasse a arma. Paralisara com o medo. Seria seu fim? Como ficaria o caso? E mais relevante que isso, como ficaria sua família? Sua esposa viúva chorosa e sua filha, órfão de pai. “Achou mesmo que conseguiria me prender, detetive Fábio?”, disse o rapaz ensandecido. Fábio não soube o que dizer, estava encurralado. Não poderia blefar numa situação como essa. Ah, o oráculo que não previu tal situação. Não, essa situação fora criada. “Sabia que viria aqui. E que viria sozinho. O detetive que encontrou o assassino vira herói. Queria ter alguma compensação? Heim, responde. Está com medo?”, disse se aproximando. Fábio recuava. Queria saber se daria tempo. Daria? Tinha que tentar. A chance estava ali. “Não, Ricardo, o medo se foi quando você admitiu ser o assassino. Eu sabia desde que seus pais foram ao gabinete que resolveria esse caso. Vim aqui pelos ‘louros’, ou pegar o eu prêmio, como quiser interpretar. De algum jeito sabia que estaria aqui a minha espera”. Gastou seu único blefe para poder distraí-lo enquanto sua mão escorregava até o bolso. “Gastando seu ultimo blefe com um criminoso tão baixo como eu? Não deveria... Como será ter o corpo dilacerado? Pode gritar, ninguém vai ouvir. Ninguém virá te socorrer. Em pouco tempo nem sentirá mais dor”. “Fique longe de mim, seu maníaco assassino”, disse finalmente sacando a arma. “Ah, que baixo da sua parte, investigador Fábio. Eu tenho os meus direitos. Não pode me matar assim”, Ricardo se aproximava. A cobra prestes a dar a bote para. Seus olhos arregalados, a boca aberta, a voz solta um grito abafado. Sentia dor. Quem atirara? O investigador não o teria feito. Olhou para a sua esquerda e viu um homem de pouco mais de quarenta anos. Porte mediano. Com lagrimas nos olhos. “Atirei em meu filho...”. O Senhor Garcia salvara a sua vida. O homem gritava como se o ferido fosse ele. Fábio o abraçou e o tirou dali. Ricardo não morrera, fora condenado. A cidade jamais esqueceria. O Investigador poderia dizer que passou por uma experiência de quase morte, ou próximo a isso. 


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