Uma semana se passara desde que o caso na Cidade das Almas fora resolvido e Fábio Smith continuava tendo calafrios à noite. Mania de perseguição. Precisava daquelas férias. Tinha que relaxar. Colocou os óculos de praia e levou sua filha de cinco anos para tomar banho no mar. Água fria. “Pai, o senhor é policial, né?”. “Sim”. “Estaremos protegidas... os policiais pegam os bandidos?” “Pegam, sim”. “Vi na tevê ontem que tem um bandido solto. Ele é perigoso. Mamãe não contou ao senhor?”. Smith tossiu. Só podia ser brincadeira. Eram suas férias! Pegou sua filha no colo e voltou ao apartamento.
Seu celular toca. É a policia solicitando a sua presença. Acabara de escapar da morte e agora essa... Estava saturado, estressado e sem paciência... Mas, se o dinheiro fosse bom ele iria. Corrupto não era. Mesquinho? Talvez fosse. Faria tudo para manter seu status e estilo de vida. Quanto aos outros? Que se adaptassem ao capitalismo, ora, trabalhei duro para chegar aqui, não é qualquer bandido que vai me derrubar! Uma ruga formara-se em sua testa, era leve, só se mostrava quando estava preocupado. Sua esposa sabia quando algo lhe perturbava por causa da expressão em seu rosto. Aquilo também não lhe agradava. Ora, que seu marido fosse um proletário comum como todos os outros. Que mal havia em querer segurança?Minha filha não precisa viver em meio à tudo isso...
A pequena Alice orava ao lado da cama pedindo para que os bandidos fossem pegos. [...]. Proteja o papai...
Recostado numa poltrona, Smith descansava. Era seu costume, quando enfastiado demais. Um caso a mais para resolver, teria que pensar mais do que o normal. Achar as peças do enigma, pôr as cartas e vencer o jogo. Xeque-mate? Não que fosse extraordinariamente inteligente, isso tinha certeza: lhe faltava. Contudo, ganhava na astúcia. Desvendava os casos quando já estavam se encaixando e tudo parecia um jogo de quebra-cabeças. Quisera ele ser tão perspicaz quanto Dupin ou Holmes das ficções policiais.
...
- Alex, o que está planejando para hoje? – diz um menino sujo, vestindo trapos. No seu rosto: anos de vida na rua.
- Cometer “pequenos” delitos... Só isso – diz Alex, um rapaz de vinte e cinco anos, com um revolver na cintura. Mas, ao contrario de seu amigo, suas roupas estavam limpas.
- Posso ir com você?
- Não. É uma coisa que só eu devo fazer...
Escrevi uma ou duas coisinhas de quando comecei a escrever esse conto aqui.