No dia em que aconteceu esse fato, eu estava na minha casa. Ninguém acreditou que fosse verdade. Visto a minha aparência, julgaram-me louco. Quando algo sobrepuja a razão, as pessoas nem dão fé de ser verdade. Contarei agora o que sucedeu naquela manhã, sem interrupções,por isso,queira sentar...
Era dia de pagamento, acordei mais cedo para pegar o caminhão. Bati na porta da mulher, ela respondeu que já descia. Entrei só para matar a curiosidade. A mulher dormia no canto da cama,imóvel. Ei, mulher, tou indo,eu disse. Ela nada respondeu. Fechei a porta. Mal havia tirado a mão da maçaneta, ouvi um grito. Mais do que depressa abri, e a mulher com os olhos esbugalhados, fitava-me. Não, olhava na mesma direção da porta. Aquela cena me pôs tanto medo que nao coloquei os pés dentro do quarto, eles paralisaram ali mesmo. Tive a impressão de que ela estava possuída, e que eu morreria se avançasse. Para onde ela olhava? Parede? Ah! Queria não ter tido coragem de olhar. Estiquei o pescoço e vi um vulto. Só distingui que a forma era de um homem. O que eu fiz, você me pergunta? Gritei alto, na esperança de assustar aquela assombração. Foi daí que ele virou o que parecia ser o rosto, e mexeu os lábios. Na verdade, ele sorriu. Em seguida, vi uma expressão aterrorizante no rosto do ectoplasma. Era um sorriso maligno. Corri, saí de casa. Não olhei para trás porque era forte a convicção de que ele me perseguia. Nunca mais tiveram notícias minhas. A mulher, digo, a minha mulher, enloquecera, e ficara com aquela expressão horrenda. E desde então, eu fujo da sombra.
P.S.: Mesmo me sentindo incapaz, resolvi rabiscar essas poucas linhas. E decidi: por pior que sejam os meus textos, irei publicá-los aqui...u.ú