“Você ouviu isso, Tor?”, disse um rapaz aparentando dezoito anos. Tor, seu corvo de estimação era seu único amigo depois que saiu de casa por conta de uma briga com os pais. Vivia clandestinamente numa casinha abandonada. Ninguém suspeitaria de um rapaz franzino e apático. “Eles já suspeitam”. “Investigador, queremos que veja uma coisa”, disse o policial entrando no gabinete, pálido. Na noite anterior acharam uma nova vitima. Uma adolescente. O policial não agüentou olhar aquilo,ele saiu em lágrimas. Poderia ser sua filha. “As pessoas estão se mudando. Sugiro que vá também”, disse o chefe pondo a mão no ombro do policial. A frustração do jovem investigador chegou ao auge. Teria que resolver esse caso com urgência. Antes que mais vidas fossem ceifadas por esse maníaco. Já trabalhavam com a hipótese de um demente assassino. A policia visitara cada família na tentativa de investigar os possíveis suspeitos. Todos eram investigados. Até mesmo os moradores foram advertidos a observarem seus vizinhos. Com toda a cidade mobilizada, daria certo. Um policial chegou com um casal ao gabinete do investigador principal, o jovem Fábio. “O que houve, André?”, disse o investigador espantado com a visita repentina. “Eles têm algo a dizer”. “Pois não, sentem-se”. O caso estava ficando interessante. Até pouco tempo a ausência de provas deixara Fábio com uma dor de cabeça infernal. Agora seu analgésico estava ali. Sorriu com alguma expectativa. Resolveria o caso.
Imagem: O Corvo por nairafee