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[Eu Lírico] Episódio 10: Febre

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  Eu Lírico  conta a história de Fabrício, que tenta se declarar escrevendo poemas. O problema é que ele é tímido. Escrever e entregar um poema foi a sua saída. A declaração perfeita... Não fosse Fabrício não ter talento algo para a coisa. Ele acaba dando trabalho para dois personagens: Eu Lírico e Inspiração. Se quiser ler os episódios anteriores, clique no marcador dessa postagem.

Um mar de águas turbulentas e um vento selvagem balançavam a embarcação.

- “Acorde! - pediu para seu eu adormecido. Nem o fato de se tratar de um sonho o fez menos desesperador. Parecia tão real. Na hora em que cairia n’água tomou um susto, o qual fez seu corpo acordar num espasmo. Fabrício despertou no meio da noite suando. 
- O que foi dessa vez, Inspiração? – disse Eu Lírico deitado no gramado do jardim. Com as mãos apoiando a cabeça, tomava um cochilo.
- Fabrício está de cama.
- Doente?
 - Eles vão acabar se distanciando... Até não sobrar nenhum sentimento...

- Não seja tão alarmenta. Eles não vão se distanciar. E o tal sentimento de que fala, desapareceria SE fosse pouco. Como sei que não é...
- No que está pensando?
- Nada muito produtivo...
- Olhe! Nuvens carregadas.
- Você se preocupa à toa... – disse de olhos fechados. Percebera as nuvens antes mesmo dos gritos de Inspiração. 
- Ele está delirando – falou com as mãos no peito, como se as mesmas contivessem sua preocupação.
- Que choramingo é esse, Inspiração? Se eu não te conhecesse diria que se apegou ao menino...
- Humanos deliram quando tem febre alta.
Em um gesto incomum, ele sorri:
- Não se preocupe, eu tenho um plano. A virose vai passar em um instante, desaparecerá feito mágica! – estalou os dedos.  Uma ideia brotava nas entranhas do seu cérebro imaginário.
- Mãe, quem é? – diz Fabrício na cama.
- É a Marisa. Quis saber por que faltou a aula hoje. Peço para ela subir?
Fabrício ficou azul. Detestava o fato de estar doente. Mas, ela se preocupara! Notara sua ausência! Mil fogos acenderam de uma vez. As engrenagens voltaram a funcionar. Ponderou se queria mesmo que ela o visse assim, doente. Coisa chata... Não gostava daquilo de jeito nenhum, preocupação alheia... Não precisavam se preocupar. “Deixe que durmo algumas horas e já estou melhor”, disse à mãe pela manhã.
- Oi, Fabrício – disse Marisa sentando na ponta da cama.  – Como se sente?
- Cansado e com frio.
Ela passou a mão no pescoço dele para checar a febre.
- Você está muito quente – pegou o termômetro em cima da cabeceira – Se estiver muito alta tem de tomar um banho para baixar a febre. Se tomar uma pílula agora a febre vai subir e eu nem quero pensar...
- E o que?
- Pode ter convulsões. Porque antes de baixar, o analgésico aumenta a febre...
- Como sabe disso?
- Quando se tem dois irmãos pequenos, você tem que dar conta dessas informações.
[...]                                                          
- Ah! – disse Inspiração de braços cruzados – Então era esse o seu plano!
Eu Lírico sorriu levemente movendo o canto da boca.
- Não foi meu plano porque não fui eu quem o deixou de cama... Mas, de alguma forma, aquele encontro no supermercado ainda está fazendo efeito...
 
Nota da autora:  Faz um século que escrevi essa fic (um século que digo, 2009). E vocês não devem levar em consideração os dados das falas da Marisa. Agora tentando lembrar se foi a minha irmã (enfermeira) que disse isso...Ou se eu só ouvi. De qualquer forma, não confiem! Ah,sim! O título do capítulo foi tirado do nome de uma música: Fever. Era para dar mais ou menos aquela ideia da paixão como uma febre...    

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