New Earth fala de dois garotos que decidem escrever uma história de ficção científica. Bruno, quem teve a ideia, arrasta Felipe (colega de classe) para compor um conto onde a Terra é um planeta distante e quase inabitado. Por causa da poluição, os seres humanos são obrigados a viverem em outro mundo. E essa sub-história é narrada por um fuzileiro. Para acompanhar os episódios anteriores, clique no marcador dessa postagem.
Bruno encarava o teto. Naquela manhã acordara mais cedo depois de ser desperto por um pesadelo. Levantou num impulso, parou um instante. Sua cabeça pareceu girar. Ele se segurou na cabeceira. “Ai”, doía a cabeça. Depois que entrara no colegial, as dores passaram a ser frequentes. Tomou um analgésico e partiu num ônibus. As mesmas conversas, o sacolejo desconfortável, mãos, braços suados. Estranhou o fato de Felipe não estar no ônibus. Entrou em sala e quase cai, tamanha a surpresa. Felipe estava ali, estudando?! Esperaí, o mais impressionante: “ele acordou antes de mim?!”. Era isso ou sua mente lhe pregara uma peça. Espécie de ilusão de ótica. Mal teve tempo de se recompor e o professor substituto entra.
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Gregory levou todos os atingidos pela doença para uma escotilha. Ficariam em quarentena. Eu, por enquanto, aguardo a minha vez de ser examinado por uma adorável enfermeira, que me encarou, sorriu e piscou. Meu dia de sorte? Mulheres earthnianas não tem fama se serem ´faceis´,mas esta, com certeza, tem intenções diferentes da ‘ajuda ao próximo´. Por alguns segundos, me deixei me levar por essa atmosfera de tranquilidade e retribui ao sorriso. Fuzileiros são jogadores de futebol profissional nas horas vagas. Habitualmente, a fama rende esse tipo de atenção. É algo que eu só posso aceitar. Sou fraco, admito. Mas, ninguém e negará algumas horas nos braços de uma mulher. Termino esse pequeno e fútil relato, dizendo que amanhã haverá uma nova escalação para uma nova inspeção na Terra. Meu nome apareceu na lista. Não me resta nada, além de mover o meu corpo por sobre os destroços do meu passado. É, eu irei. Esse é o meu trabalho. Não conheço outro modo de me redimir, senão embarcar e tentar fazer o certo. Preciso aproveitar esse momento de paz...
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- Você rabiscou isso?- É, fui eu.
- Não é muito clichê um soldado ser mulherengo?
- Eu sei. Mas, quis dar um ar de naturalidade ao fuzileiro...que não tem nome... Já pensou em um?
- Prefiro assim, anônimo.