New Earth fala de dois garotos que decidem escrever uma história de ficção científica. Bruno, quem teve a ideia, arrasta Felipe (colega de classe) para compor um conto onde a Terra é um planeta distante e quase inabitado. Por causa da poluição, os seres humanos são obrigados a viverem em outro mundo. E essa sub-história é narrada por um fuzileiro. Para acompanhar os episódios anteriores, clique no marcador dessa postagem.
Nesse momento, estou sendo guiado por um corredor em tons de neon. Esse pequeno tablet em que digito é o meu subterfugio. Não fossem as minhas memórias do presente, talvez estivesse em um divã. Fazendo analise pelo resto da minha vida. Não tenho família, me custa lembrar dos parentes que perdi. Duro demais. Coisa demais para pensar.
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Bruno termina o paragrafo insatisfeito. Falta algo. Deitou e pegou num sono pesado.
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Era o ano de 3040, e tudo ao redor estava envolto em um gás nocivo. Poeira, poluição, nevoeiro de fumaça de combustível. Ninguém para socorrer o rapaz que sucumbia no chão. Vivia até que a hemorragia provada pela fratura em seu braço dissesse chega. Sua vista embaçava, respirava com dificuldades, os olhos miravam o céu. Caíra do alto de um prédio. Quantas costelas quebrara no choque do corpo com a sarjeta? Ants que se desse conta de que viveria por um ínfimo momento, viu a sua vida em flashes de memória. Distorcidos. Contornados pelo tempo. Só as mais importantes e efetivas. Sua mente imaginou não ser mais do que um pesadelo. Durante os poucos segundos como vivente, lembrara da irmã que o esperava em casa, doente. “Que droga de vida”, fechou os olhos. Deixara de respirar.
Seis minutos antes.
Dois caras discutem no alto de uma construção de cinco andares. Um deles, muito nervoso, recuava. Ao se distanciar, alcançava a morte na calçada. “Entrega esse remédio!”, dizia o outro apontando uma arma. Seus olhos vermelhos e dilatados. “Eu não tenho!”. “Me dá esse remédio!”. “Cara, isso não é um alucinógeno. É uma vacina. Eu preciso disso para a minha irmã”. “Me dá logo isso!”, alteou a voz, correu para toma-lo à força. “Não!”,tentou fugir, mas, não havia chão. Caiu ao retroceder os passos.
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Quase saltou da cama com o susto que levara. Pesadelo mais estranho. Bruno respirava como se tivesse acabado de correr para uma maratona, e suava como tal. Não passara de uma fantasia arquitetada por uma mente cansada. Deu-se conta de que sempre que imagina o futuro, ele sempre se mostra nebuloso e trágico.