Chegou ontem o meu encadernado de Daytripper, e foi a coisa mais linda que já li numa noite. A sensação que tive, ao devorar as páginas da obra de Fábio Moon e Gabriel Bá, era a de que estava lendo um romance. A verossimilhança foi algo que me chamou atenção do início ao fim. É a vida metaforizada.
Em nove capítulos somos apresentados a Brás de Oliva Domingos. Filho de um famoso escritor, aprendeu a fumar com a mãe, e ganhou o gosto por café e a escrita com o pai. Ele escreve obituários para um jornal. Nada de surpreendente, nenhum herói, monstro ou acontecimento fantástico. Apenas a vida de um homem passada em relances, e com alguns desfechos do que "poderia ter acontecido..."
Apesar do meu receio em entregar spoilers ao falar de Daytripper, é preciso dar algumas pistas para o leitor de quadrinhos que queira conferir. Brás Domingos tem inesperados encontros com a morte. Se isso surpreende no primeiro capítulo, espere os seguintes... O senso comum dirá: "É sobre a vida e a morte, no final das contas".Aí está a formula: pegue um tema simples e transforme em algo que fará as pessoas refletirem. Há passagens que ecoam dentro de quem lê,mesmo depois de fechar o encadernado. O que ressoou, para mim, foi "aproveite a sua vida". Foi o carpe diem mesclado à 237 páginas de história? Fico a imaginar...
E, em meio aos problemas mundanos (nossos e do mundo), Daytripper se finca naquela noção modesta da união familiar, da amizade e do amor.
E, em meio aos problemas mundanos (nossos e do mundo), Daytripper se finca naquela noção modesta da união familiar, da amizade e do amor.
Com o pé calcado na realidade, o mais difícil não seria criar algo que PARECESSE real. Não, o difícil foi criar algo que você SENTISSE ser real. (Fábio Moon, Daytripper,p.256).