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Purgatório - parte 4

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Zero encontra-se com um dos Anjos, Rafael, que também demonstra reconhecê-la. Encontra o grande canhão na base. Ao contatar o coronel, se vê contando sobre seu antigo amante a doutora Kinogawa. Ela segue sua missão, encontrando-se com Erik, preso no andar subterrâneo.


– Você demorou... - fala o engenheiro, ajeitando os óculos.

– Pelo menos eu vim seu mal agradecido. - Zero tira as chaves do guarda inconsciente e abre a cela.

O homem logo sai e abraça a mulher forte.

– Oh... Calma.

– Desculpe... Eu estava muito assustado. No fundo eu sabia que viria, mas comecei a me preocupar sobre isso...

– Bem, como vê, estou aqui.

– E... Como está a Doutora?

– A Kinogawa? Está bem, apesar de eu não confiar muito nela.

– Por que não? Ela é uma pessoa tão doce e gentil. Sempre vinha me visitar na cela. Os cabelos dela são lindos. Melhor que essa sua coisa curta aí...

– Cala a boca. Cabelos longos e rabos de cavalo não ajudam em nada numa batalha. O oponente só terá mais chances de segurar sua cabeça e lhe degolar assim. E eu gosto do meu cabelo bem curtinho, me sinto mais confortável com ele assim. Você só diz isso porque deve estar vidrado nela...

– Não é verdade... Eu só...

– Você gosta dela...

– Err.... Sim...

– Sabia... Você não consegue esconder nada de mim, né Erik?

– Pelo jeito não... Ela lhe explicou tudo?

– Quase... Encontrei o canhão que os Anjos construiram para os azuis. Também encontrei com um demônio e um anjo. Vi a Kinogawa no laboratório pouco antes de vira para cá.

– Viu? E... Ela falou alguma coisa de mim?

– Só que estava preso aqui embaixo.

– Mais nada? Nenhum outro comentário?

– Não, senhor apaixonado.

– Certo... Ah sim, quase ia esquecendo. - Erik entra na cela e sai com um aparelho em mãos. - Aqui, pegue.

– O que é isso, um controle de TV?

– Não... É um aparelho que lança ondas eletromagnéticas.

– E para que eu usaria isso?

– Matar um anjo.

– O quê?

– Você viu a armadura que eles usam certo? Por acaso tentou atirar neles?

– Sim... As balas eram desviadas por algum tipo de campo de força.

– Exato. Os anjos tem um aparelho implantado em suas armaduras que criam um campo magnético. Portanto qualquer projétil lançado contra eles é desviado pelo magnetismo.

– E onde este aparelho entra?

– Se ligar ele e apontá-lo para algum anjo, a alta frequência interrompe o fluxo magnético do campo e a guarda deles fica aberta. Me dê sua arma... - Erik pega a pistola e encaixa o aparelho nela. - Pronto. Você pode encaixar o “controle” quando quiser. Não precisa mantê-lo ligado. Ligue apenas se precisar enfrentar algum dos Anjos.

– Entendido... Espera, como conseguiu material para construir isso?

– Durante as visitas da doutora Sakuya eu pedia para ela me trazer o equipamento e peças necessárias. Me entregava tudo escondido e eu fazia o que precisava debaixo dos cobertores a noite. Ela que me explicou a natureza da armadura dos anjos. Pensou que eu ia construir algo para fugir.

– Bem pensado... E porque não fugiu?

– Para onde eu iria? Nem tenho condições de enfrentar esses guardas...

Zero guarda a pistola e o “controle”.

– Erik... Você não acha estranho... Os anjos terem de usar armaduras tão avançadas... E campos magnéticos?

– Como assim? Você acha que eles não são o que dizem ser?

– Não é isso... Eu só acho que esperava mais de seres divinos... Eles parecem tão poderosos durante as transmissões, antes das batalhas... E quando vi um pessoalmente, parecia humano demais. Sabe, ele me chamou de Eva...

– Eva? Não era disso que ele te chamava?

– Mephisto? Sim... Era disso mesmo. Só no começo é claro. Depois ele se acostumou com “Zero”.

– Isso é estranho...

– Eu sei... Até o demônio me chamou assim... Vai entender. Seguinte, vou te tirar daqui, mas preciso manter contato com você. Quero uma garantia caso a desativação usual não funcione.

– Estou aqui para ajudar.

De repente passos são ouvidos e alguns guardas aparecem.

– Ali está ela. Fugindo com o prisioneiro. Atirem!

Zero puxa o engenheiro com força para o canto do corredor e atira nos seguranças. Dois são abatidos. Mais aparecem.

– Pegue a arma do guarda da sua cela.

– E se ele acordar?

– PEGA LOGO ESSA MERDA!!!

– AAH! Tá, já pego! - cambaleando, o engenheiro se aproxima do guarda abatido e pega sua AK74U. - Toma logo essa metralhadora.

– Não é pra mim. Você vai atirar neles.

– O quê? EU?!

– Sim, você! Preciso de cobertura para alcançar o outro lado. Quando eu atravessar, te cubro e você vem.

– Mas eu nunca...

– ATIRA!

– AAAAAAAHH! - Erik puxa o gatilho sem olhar no que acerta.

Zero passa por trás dele e volta a atirar nos vigias. Erik junta-se a soldada. Ao lado deles havia um grande cano direcionado para baixo. Um fedor terrível saia do buraco.

– Tá, e agora? - pergunta o homem.

– Pule.

– Como?

– Pule dentro do esgoto, é nossa única saída.

– Er... Tá bom né... - vagarosamente se acomoda na escura entrada. Respira fundo. Começa a contar... - E é um... Dois...

– PULA LOGO! - Zero chuta o rapaz, que cai desesperado. Ela também se joga e desaparece no meio do tiroteio.

Ambos caem na água gosmenta e se levantam. Atravessam o túnel obscuro. Erik não largava o braço de Zero, que ignorava o incômodo prestando atenção nos arredores. Enxergam uma luz e encontram a saída. Terminaram em um depósito de lixo do lado de fora da base. As grades estavam abertas. Nenhum guarda por perto. Saindo do local, algo cai e causa um estrondo enorme a sua frente. A grande poeira que se levanta vai embora e uma figura alada é revelada.

– Então é realmente você... Eva... - o anjo de armadura verde olha a mulher de cima a baixo.

Erik prontamente corre e se esconde no lixão.

– E quem é você? - Zero pergunta apontando a 9mm.

– Como não se lembra, não faço questão de me apresentar. Sou Ezequiel. Você não é bem vinda aqui. Não me importa se é nossa mãe. Estou cansado de segui-la e adora-la. Aqui criamos nosso próprio reino, sem deuses para nos ordenar.

– Mãe? Que história é essa?

– A história não importa. A única coisa que precisa saber é que vai morrer, e o lixo será a areia do seu túmulo.

O anjo saca um chicote e rapidamente ataca Zero, abrindo um ferimento em seu braço. Ela pega um cano entre um entulho e o lança contra o ser alado. O objeto não o acerta, mas o distrai tempo suficiente para a moça se esconder e encaixar o controle na pistola. “Tomara que funcione” pensava ela. Zero aparece para o anjo, apontando sua pistola.

– Há! Acha que uma arma humana como essa pode me deter? Eu sou um anjo!

A soldada liga o aparelho e atira no ser. As balas não são desviadas, acertando o peito da armadura.

– O QUÊ?! COMO?

– Soube de uns truques por um amigo meu.

– Ninguém deveria saber sobre nossa tecnologia. Isso não podia acontecer. Não importa, te matarei do mesmo jeito.

O anjo performa mais uma série de ataques com seu chicote. Zero escorrega pelo chão, evitando-os e atirando no inimigo. A armadura era muito forte, nenhuma das balas penetrava. Ele ri e chuta a moça contra uma pilha de sujeira. Essa reage rápido e corre, saindo da vista do anjo. Ezequiel a procura pelos detritos. Vê algo se mexendo num monte de papel. Dá mais algumas gargalhadas. “Te peguei”. Um rato então revela-se no meio do lixo. O ser é surpreendido pela mulher, que o segura com uma faca sobre sua garganta. O oponente se move rápido e segura a mão dela, forçando-a a largar a lâmina. Ela lhe dá uma cotovelada na cabeça, vai para trás dele segurando seu braço e aponta a arma na sua cabeça.

– Agora você vai falar.

O anjo tenta reagir, porém Zero torce seu braço e encosta a 9mm na sua nuca.

– Nem tente senhor. Anjo ou não, um tiro a queima roupa é difícil de errar.

– Muito bem então... - o anjo larga o chicote e levanta as mãos lentamente - Contarei tudo que quiser. Só não me --

De repente uma luz pisca no peito do ser. Ele grita e se agoniza, como que sentindo uma dor imensa. Vê-se então uma corrente elétrica passar pelo seu corpo. O anjo cai duro no chão, morto.

– O... O que houve? - Erik aparece de seu esconderijo após a batalha.

– Eu não sei... Falava com ele normalmente, e do nada começa a se remoer todo. Não fui eu... Tem alguma coisa errada acontecendo aqui, e nós vamos descobrir o quê.

– “Nós”?

– Claro. Pensou que eu viria te resgatar e pronto acabou?

– Bem que eu queria...

– Vamos seu medroso. Precisamos arrumar um esconderijo para você.

Os dois saem com cuidado, deixando o corpo de Ezequiel ardendo no entulho.



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