Zero se infiltra na base dominada pelos Anjos. Com a missão de descobrir os planos do time azul e resgatar o engenheiro Erik, ela segue seu caminho. Acaba descobrindo a construção de uma nova arma, sentindo uma certa conspiração entre os azuis e os Anjos.
Zero entra cuidadosamente no corredor, tentando não fazer muito barulho. Por mais que fosse altamente treinada para enfrentar qualquer um dos guardas, ela tinha apenas uma faca em mãos. Um canivete num tiroteio. Consegue evitar os seguranças e câmeras. Tenta encontrar algum equipamento em salas próximas, sem sorte. Resolve ir direto ao segundo andar falar com a Doutora. Chegando ao andar desejado, surpreende-se com marcas de sangue espalhadas pelo corredor. Corpos aparecem em seu caminho. Os vestígios seguem até a porta do laboratório. A soldada começa a se preocupar com a saúde da Cientista. Entrando, depara-se com uma criatura escarlate segurando a mulher pelo pescoço, enforcando-a.
- Solte ela agora! – Zero logo reage.
A criatura vira sua cabeça chifruda para a soldada e solta a mulher, que se esconde em desespero. O ser, parecido com um homem, fita-a por um momento.
- Você não devia estar aqui. – diz ele.
- Quem decide isso sou eu. Você é do time vermelho por acaso?
- Não sou de time nenhum. Não possuo lados. Eu trabalho sozinho, e tenho os meus próprios motivos para estar aqui.
Zero saca a sua faca e a aponta a criatura.
- Não me interessa o que faz aqui, apenas fique longe da doutora, ou se não...
- Se não o que?
- Eu te mato!
- Mataria depois de tudo o que passamos, Eva?
Zero abaixa a faca.
- Espera... Do que me chamou?
O ser move-se lentamente e saca uma pistola.
- O que pretende fazer? Atirar em mim?
- Não. Estou dando ela para você.
- Uma faca não será suficiente por aqui. Principalmente se pretende enfrentar aqueles anjos malditos.
- Na verdade eu não pretendo...
- Não importa. Apenas fique longe do meu caminho, enquanto elimino todos aqueles seres alados... Bando de traidores... – o ser dirige-se a porta.
- Espera, quem é você?
- Pode me chamar de Lúcifer.
O demônio fecha a porta e desaparece. Zero olha debaixo da mesa e encontra a Doutora tremendo e em pânico. A soldada a segura e tenta acalmá-la.
- Os olhos dele... E ele era tão gelado... – os lábios da cientista tremiam.
Sakuya respira fundo e retorna a si.
- Desculpe Zero. E obrigada por me salvar.
- Por nada... E afinal, por que aquele louco estava tentando te matar?
- Eu não sei. Ele ficava repetindo que ia matar todos aqui por trabalhar com aqueles bastardos.
- Você quer dizer, os Anjos?
- Provavelmente. Hum... Agora que paro para pensar, ele não parecia um demônio.
- Como não, você viu os chifres dele?
- Sim mas... Ele era muito gelado. Mas não por causa de sua pele. Ele parecia estar vestindo uma armadura.
- Armadura?
- Sim. Dava para sentir que era metal. E o rosto dele parecia uma máscara. Os chifres nem pareciam de verdade também. Sim parte de todo o capacete.
- Você está me dizendo que aquele retardado não passa de um humano?
- Talvez. Eu não sei. Ele tinha uma força incrível. Cortava os guardas em pedaços sem dificuldade com aquela lança.
- Lança?
- Não reparou no pequeno bastão na cintura dele? Ele cresce e aparece uma lâmina. Pensei que realmente seria morta...
- Agora que tocou no assunto, lembro de ter reparado sim...
- Nunca pensei que veria um demônio de perto. Ainda mais o Lúcifer, se é que aquilo era um demônio. Aquela armadura... Ela é do mesmo tipo que os Anjos usam.
- Os anjos usam armadura também?
- Sim. Até as asas deles são de metal.
- Como assim? Quer dizer... Se eles são anjos, já não era para eles terem asas?
- Bom... Espera-se que sim. Eles parecem bem humanos para falar a verdade.
- Humanos? O que você está dizendo Sakuya?
- Nada. Vamos ao que interessa. A pouco tempo lhe contei sobre uma arma que estavam construindo.
- Sim, eu lembro bem.
- Bom. Como eu disse, é um canhão que pode lançar projéteis a longas distâncias, acertando qualquer alvo que desejar. Os projéteis que utilizam nesse canhão carrega uma carga de energia enorme dentro de si, feita do mesmo elemento utilizado para dar energia as armaduras dos anjos.
- E por que ele precisariam de um negócio desses?
- Não precisam. É aí que entra o time azul. Há algum tempo, os Anjos tem fornecido armas aos azuis antes das batalhas.
- Tá mas... Não tem nada de incomum nisso. Quando ficamos sem munição ou suprimentos os Anjos sempre mandam alguma coisa.
- Claro. Porém, nesse caso, eles não mandam o equipamento usual. Estão fornecendo armamento feito da tecnologia avançada dos Anjos.
- Então por que eu não vi esse equipamento até hoje? Seria bem mais útil se eles utilizassem em nós e vencessem essa guerra insana de uma vez, não acha?
- Seria. Provavelmente eles ainda não usaram por que pretendem guardar o suficiente para um ataque em massa. Eles querem mostrar essas armas numa só batalha e eliminar todos de uma vez. Assim não da tempo de vocês estudarem eles, e desenvolverem uma defesa.
- E o que o canhão tem a ver com tudo isso?
- Ele é o trunfo dos azuis. Caso não consigam eliminar todos os inimigos e os vermelhos fugirem, eles atiram e a explosão destrói tudo o que estiver por perto. Não haverá base para se esconderem, e eventualmente serão mortos.
- Mas isso... Isso é injusto! Se aqueles anjos estúpidos são tão poderosos, por que eles não escolhem quem vai e quem fica e acabam logo com esse sofrimento?
- Talvez por que eles não sejam tão angelicais...
- O que você está escondendo de mim?
- Mais tarde eu te conto. Agora você precisa ir até o canhão e desativá-lo. Essa é a primeira opção. Você tem até as 23:30 para desativá-lo. Passado esse horário, iniciaram o ataque com o novo armamento e ativaram o canhão. Uma vez ativado, o canhão não poderá ser desligado. Nem mesmo se eu utilizar a minha senha ele irá parar. Aquela arma só pode ser desligada enquanto estiver em stand-by. Se derem o comando de mirar, o canhão encontra as coordenadas do alvo e aguarda o sinal de atirar. Nesse estado ele é incontrolável. Ou ele atira ou ele atira. Se você não conseguir desativá-lo antes disso, sua única opção será destruí-lo por completo.
- Entendido. E onde encontro o Erik?
- Ele está no subsolo, em uma cela próxima ao esgoto. É bem fedido lá em baixo, então não tem tantos guardas.
- Uma notícia boa.
- Aqui. – Sakuya entrega um cartão à soldada – Isto contém a senha de desativação. Basta inserir no computador que ele faz o resto.
- Certo. Se precisar de ajuda te contato.
Zero saiu do laboratório, dirigindo-se ao subsolo pelo elevador. Ainda se perguntava por que ele a chamou de Eva. Nunca o havia visto antes. Ou viu e não se recordava? Lembrava apenas de uma pessoa que a chamava daquele jeito...